Rosas

Pude ver as estrelas mais uma vez. 
Brilhavam no céu escuro como um beijo que não foi dado - apenas um sopro que morre.
Quis ouví-las como antes...não pude;
quis tocá-las com os dedos...mas a distância tornou-se maior...
maior que a força de antes,
    maior que os beijos,
         os olhares apaixonados e ébrios dos sonhos ocultos.

Pude ver, mas não queria ver que no escuro tudo mudou
e as luzes são mais intensas e o amor não é mais amor.
As rosas são como estrelas que se apagam lentamente sem que vejamos sua luz se esvair no tempo.
O que sentia já não sei. 
Não sei se sinto ou me ausento. 
Tudo adormece sem resposta, tudo anoitece em minha alma.
O amor se perdeu na distância
e a solidão é um alivio insensato.
Quisera eu o silêncio total ao som infinito do querer reprimido;
quisera o frio intenso da solidão à chama infernal da ilusão rediviva;
quisera a inércia imediata ao tremor delirante da lembrança;
quisera...
         (só uma vez mais quisera)
o que se quer sem poder, o que se tem sem saber, o que se sabe não ter...a certeza de que nada findou.

(Parauapebas/PA - 04/07/95, 9h)
Gaby Faval
Enviado por Gaby Faval em 08/08/2020
Código do texto: T7030228
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