Saudade antecipada
O horizonte no seu olhar
Roubou de mim um sorriso
Em seus lábios, o manjar
Me mostrou o abismo
Abismo de amar como louca
E com minha voz rouca
Num devaneio
Te disse coisas de amor
Te disse versos
Fiquei do inverso
Descobri de mim a melhor versão
Me perdi no tempo
O tempo cujo dono
Cessou de contar as horas
Perdi os sentidos
E senti-me exposta à carne viva
À flor da pele
Como se comesse a minha carne
Como se bebesse o rio do meu desejo
Eu me perdi de mim
E nos seus olhos me encontrei
Eu mergulhei no abismo
E dessa vez não desabei
Senti o fogo nos seus traços
Queimando os meus abraços
Como se necessário fosse renascer
Como se queimasse o amanhecer
Eu me esvaziei de mim
E no seu cheiro encontrei abrigo
No seu âmago encontrei o perigo
Perigo este,
Que é o meu jeito de te amar
Eu me perfumei no seu suor
E meu corpo se fez deleitar
Por um milésimo de segundos
Fostes tudo, meu mundo
Que custei em encontrar
Me apaixonei até pelo que não sei
Até pelo que eu imaginei
Me comoveu o toque insinuar
Me espantou
Me deixou rouca, louca
Me fez sonhar
E decidi não sair pela porta
Como se não houvesse fim
Como se eu vivesse
E nesse instante que é agora
Quero morrer de amor
Quero chorar de ternura
Mesmo que tudo
Não passe de conjectura
Quero viver e morrer
Nos teus braços.
Angela Dias
Cordeiros, 07 de Agosto de 2020.