VERSO XUCRO
Repontam aqui versos xucros
Corcoveando nos pensamentos
Como no tilintar das esporas
Verso cru de pura inspiração
Golpeia os traços e linhas afora
Remoendo palavras de outrora
Saí perdido galopeando parafraseando
Das estrofes sentidas de agora
Então eu abro a porteira do coração
E vejo nos traços um relampejar
senti na pele um arrepio, e o vento frio
Soprou no candieiro como um assobio
Escrevo por completo versos xucros
Não descrevo com os retalhos
Pois não vejo a vida por fresta
E de minhas linhas não gosto
De parear no eito e fazer reparos.
Em noites sombrias onde a lua
Se esconde, perpetua a luz
angelical dos vagalumes
Na minha xucra adversidade
Abdico meus sonhos e escritas
Na nostalgia da perene madrugada
Distantes e dispersos pensamentos
Galopam numa vasta imensidão
Que até os cascos destes versos xucros
A própria razão desconhece.
Verso que não permite ser domado.
Alma que expande, coração que pulsa
Repulsa e não aceita o boçal,
Poesia galopa em disparada
Plantando sementes nesta invernada
E no alto cume deste verso
Vou ao topo da fonte sagrada
Saciar a sede destas estrofes minguadas.
É deste jeito que descrevo este
verso curto xucro e aporreado
Com os calos dos manotaços da vida
Escrevendo versos sem mão parida
Pra se soltar no laço comprido
Os oito tento trançado e aqui
Bem pialado nos pensamentos dispersos...
Galopeando pelo tempo os meus
Infinitos pensamentos diversos.