A noite pede passagem
Depois de tanto tempo acordado, o dia adormeceu. Trabalhou muito, estava cansado. Terminou seu trabalho, acabou o seu espetáculo. Foi-se o barulhento... Outro personagem entra em cena, a noite.
Ela pede passagem. Não existe aviso prévio. Agora é a vez dela, ela quer contracenar...
Sem ensaio, ela tinge o céu de escuridão. Os decibéis sofrem queda livre com sua chegada. Daqui em diante, noite e silêncio caminharão juntos, feito amantes eternos. O casamento mais uma vez aconteceu...
É raro às vezes que Dona Lua recebe convite como convidada ilustre para a cerimônia. Noite silenciosa sem iluminação preenche o ambiente de aura de suspense. O clima exala penumbra. O absenteísmo invadiu o céu e seu exército de estrelas. Quase todas estão ausentes. Algumas demonstram vigor, insistem com brilho reluzente. Outras, parecem ter se cansado da monotonia corriqueira, brilham feito vagalume tímido.
A esperança dos terráqueos é que, mesmo a passos lentos, o governador do dia, com traje de gala, os saude outra vez. Por onde ele passar lançará seus raios finos. O dia acordará com seus beijos quentes, estilo ultravioleta. O dia amanhecerá risonho. Efeito apaixonado.
Enquanto esse cenário cinematográfico acontece, permaneço em minha escrivaninha. Diante de uma página que à pouco estava em branco. Agora aguardo um lampejo de uma inspiração. Minha maratona só acaba quando concluir essa prosa.