Equilibrista, palhaça e louca
Como equilibrista iniciante, ando numa corda bamba, tentando evitar os dois extremos que me levarão a uma queda. Tentando encontrar o equilíbrio, percebo que vivo, mas não sei viver.
Como palhaça, escondo as lágrimas por trás do sorriso, uma gargalhada obscena que enche o templo, um fingir ser feliz que parece o fingir que está dormindo até dormir de verdade.
Como louca, vejo coisas onde não existem (ainda), me encontro em sincronicidades com almas de outros séculos (livros me livram de muitas coisas), falo comigo mesma como se fosse duas (ou quem sabe até mais) e por vezes, vejo a eternidade em sorrisos sinceros, olhares alheios e rodelas de cebola (isso eu peguei de uma mulher que conversou com Rubem Alves).
Sou equilibrista, palhaça, louca. Meus três estados de cada dia. Se cobrir a casa em que moro com uma lona, o circo está pronto. Se pintá-la de branco, tragam mais loucos para o hospício.