SAUDADE

Saudade tem rosto e nome tem apelido também, de maneira intrometida quando não quero ela vem. Vem de noite, vem de dia, não há hora pra chegar e nas madrugadas frias ela insiste em ficar.

Saudade é coisa ruim, se faz amiga prestante, com falsidade se achega, prazerosa e benfazeja, querendo me consolar, mas na verdade o que quer é meu sossego roubar.

Da ausência que incomoda, se aproveita e vai ficando, devagarinho se aninhando embaixo do cobertor, se esfrega e se aconchega sem ter o menor pudor.

As vezes é tamanha a dor que eu a deixo ficar, mas a danada esperta, pra garantir seu lugar, de forma bem traiçoeira repentina e bem ligeira o meu sono quer roubar.

Em uma noite mal dormida, mandei a saudade embora, fiquei com a minha dor, porém me senti contente, pois esta me ensinou que aquele que quer bem não se afasta da gente.

Valdice Oliveira

04/03/2017

Valdice Oliveira
Enviado por Valdice Oliveira em 02/08/2020
Reeditado em 10/07/2021
Código do texto: T7024120
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