Quantas vezes mais terei que acordar?

Acordo ansioso, coração aflito. A presença da tua falta é avassaladora. Eu acordo neste sutil desespero, pois sei que os dias demorarão a passar, dias muito longos para vidas muito curtas. Eu não sei o que fazer, perco-me em distrações inúteis, ruas que não levam à lugar nenhum, rios que deságuam no nada; esse sentimento de incompletude é tudo que me completa neste instante. Antecipo-me, porque sei o que sentirei depois, e resolvo sentir agora. Depois que eu te ver, passarão horas, dias, semanas, meses, até que tudo se repita novamente. " E tenho que esperar paciente, o pedaço que me sobra de ti " .

E penso no depois, na mesma dor que sentirei ao te ver partir, no vazio que ficará; pergunto-me se sempre será assim. Mas eu não sou livre, eu tenho uma escolha, mas insisto em não escolher; o sonho te ter perto de mim é a maior que a dor que tua distância causará. Eu não sei qual a lógica ou sentido disso, sinto agora parte da dor que sentirei, então porquê passar por isso de novo? Porque eu perco de novo o controle!!!

Inalar teu cheiro, sentir tua pele, ouvir tua voz, talvez, e só talvez, tocar teus lábios; viver por alguns minutos e horas o mundo que eu queria para nós dois, um mundo que seja de nós dois, um mundo que desaparece quando teu carro some no horizonte, meu sonho se apaga como o sol se despedindo do dia.

O dia passa, a aflição se estabiliza, a inevitabilidade dos fatos, a fatalidade das coisas, minha falta de controle sobre o caos e sobre o que sinto; são coisas que tenho que aceitar, pois eu não tenho escolha, e neste momento eu sou livre.

Será que será a última vez? Esse amor é inevitável ou impossível? Será destino te ver partir? Quando seremos estrelas brilhando no mesmo céu? Quando você vai se despedir de mim dizendo "até mais tarde"?

" Em minha cabeça, meus sonhos são reais". Quantas vezes mais terei que acordar?