Passando à limpo
Como vejo o mundo num todo, não sei,
quem sabe são velhos sonhos afugentando
novos anseios, desejos bloqueados.
Ir vivendo o que se pode enquanto dá...
Na esperança contraditória de ainda se ter
coisas lindas!?
Essa é a resposta que o tempo nos deu,
esse mesmo tempo
não se envergonha de camuflar a felicidade
em algum lugar,
como à brincar de esconde-esconde,
esquece que não somos criança que se ilude.
O meu tudo, agora parece mais real.
Dança feito louca a alma nua e crua,
com a sua dor de assistir
as vidas vistas com banalidade total.
Ainda persiste aflição
nas pessoas por coisas materiais,
a ambição destruindo o que com amor, dedicação
de uma vida inteira foi construído.
Tantas coisas sem sentido, que perdi a paciência,
o que me consola
é a imagem que vejo diante do espelho,
lembra uma adolescente conhecida,
bastante inquieta, queria num só fôlego a vida.
Ela continua igual, com alguns arranhões
que já cicatrizaram, acreditou, desacreditou.
Amadureceu um pouco, passou a questionar
a sua existência, a felicidade, o sofrimento,
chegou à se conformar que tudo acontece.
Quis traçar um novo rumo, se acertou.
Sabe que teve muita pressa de chegar,
respeitou as suas raízes, mediu as suas ações
e resgata a cada dia a sua força interior,
e chora copiosamente, sentindo a dor daqueles
que à sua meta de ser feliz, nunca alcançou.
Liduina do Nascimento