O rio morreu

Ele não corre mais,
jogaram poeira em seu olho d'água.
Poluíram seu destino e suas veias foram obstruídas, devastadas.
Lamentável fato.
Degradação o matou!
Quem? O habitat dos girinos.
Seu líquido não corta,
Não corre, não nutre, não abastece,
Não mata sede,
ficou frígido.
Em Mariana e Brumadinho posso dizer: só restou saudade.
O que fizeram os homens de fortuna e vaidade?
Construíram instrumento lucrativo… que represa,
um dubio símbolo de progresso: barragem.
Acumuladora de rejeitos seu rompimento causa catástrofe, calamidade.
Construção inquisidora, condenou a morte cidades.
O que será do povo que vivia das gotas orvalhadas?
Quanta maldade.
As águas estão turvas, e imitam a cor da barragem.
Tuas beiras não têm mais sombra,
a lama levou embora paisagem.
Teus peixes viraram pó,
petrificados como a mulher de Jó
pecado de gente da cidade.




Imagem:
Placa de sinalização
Acervo Pessoal