Porto Alegre querida.
Porto Alegre querida.
Quando eu era criança levava meus irmãos para a escola, caminhando. Até meus 26 anos, mais ou menos, andava de noite pelas ruas do meu bairro me sentindo relativamente segura. Ia à Cidade Baixa e voltava andando com amigos. Frequentava a Redenção aos Domingos com meu filho pequeno. Íamos de bicicleta. Eu andava com moedinhas no bolso até a padaria e voltava com os pães para o café. O sol era quente e o inverno me pegava cheia de blusões e calças de lã embaixo do jeans.
Eu perdi a Porto alegre dos meus amigos e parentes.
E Porto Alegre perdeu tantos para o mundo e tantos para a morte.
Porto alegre dos meus amigos, de meus ídolos. De Elis Regina. Do nascimento dos meus filhos, irmãos e sobrinhos.
Porto Alegre é demais. Só lá eu vi tantas pessoas pensando a política, novas religiões e modos de pensar. Lá comprei minha moradia. Passei no concurso dos meus sonhos.
E lá vi que a vida a cada dia se troca mais por um tênis uma coisa qualquer.
Prefeitos que entram só pra piorar as coisas.
Poa das orientações políticas pra repensar o mundo. Das decisões mais pioneiras da Justiça.
Poa escolhida pela matriarca da minha famíllia para começar sozinha uma vida com as filhas quando era feio a uma mulher criar suas filhas sem o marido.
Porto Alegre, volte a sorrir por favor.
Você é um berço de amor.
Escrevo esse texto, chorando.