A CIDADE E A ROÇA
Cidade?
Deus me livre desse asfalto quente
Tem até estrada com dormente!
Da roça eu lembro do riacho
Com aquela brancura corrente
Até os bois bebiam água com a gente!
E na colheita? Quanta cana, quanto milho!
A palhoça tão bacana
E as galinhas gordas não davam um pio.
Tudo isso por que?
Eu levantava cedinho procurando a claridade
Ainda com o barulho dos passarinhos
Assanhados de felicidade.
Que vida boa! Depois do café com broa
Eu ia pra roça e trabalhava
Com a enxada "tira-prosa"
Até que o suor pingava e eu visse o céu cor de rosa
Todo pintado de andorinhas voando
E a tardinha vinha chegando.
Com o corpo cansado mas feliz
O coração me dizia: "Está na hora da ave-maria !"
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Texto de autoria do meu saudoso pai, Constantino Rêgo, em julho/1977.