DESCASO
Sai. Fui andar pela cidade, há muito que eu não saía de casa.
Tudo igual, nada mudou, permanece tudo do mesmo jeito.
O descaso está por toda parte, os prédios estão precisando de pintura e as ruas esburacadas, praticamente intransitáveis.
Tudo exatamente como antes, apenas mais mal cuidadas, parecem estar em situação de abandono, poluição sonora continua.
Carros particulares, ou de transporte público
vão buzinando sem parar, pedestres correndo
fora da faixa e, como sempre o farol quebrado.
O guarda simplesmente pita, mas não apita,
parece que não ouve e tampouco vê, na verdade ele não está nem aí, as únicas coisas que faz é olhar no espelhinho de bolso para ver se o cabelo está desalinhado e soltar baforadas de fumaça no ar. Quer somente cumprir o seu turno e depois fazer parte da balburdia.
Desolado volto para casa e outra vez eu me isolo, porém, nesse meu retorno eu fiz um juramento de que a próxima vez que sair, sairei de olhos fechados.