Algo novo?

Faz parte de mim tudo que me mata, tudo que me desgasta

O que me consome, me agoniza e me prende

Faço parte dessa imensidão de poucas coisas

E por todo o corpo, essas tantas outras coisas, me despedaçam

E me reconstroem para novamente me destruírem, dia após dia

Eu as criei, são feitos de minha própria cerne

Escondidas no âmago profundo do que penso ser, do que fujo ser, do que insisto em ser

Sou assim desde ontem, desde amanhã e inevitavelmente hoje

As resenhas não me definem, não me explicam

E nem se quer me conhecem

Mas faço minha parte, cumpro meu papel

E ajudo a manter a estória em curso

Não "desvisto" a fantasia, tento ser fiel as expectativas

(Alguém tem que ser)

No final, todos aplaudem o espetáculo quando termina a cena do apedrejamento

E como todos os dias, volto pra casa cansado

Entro no meu universo escondido e finalmente respiro

Mas a ironia surge sempre na pergunta que me atrapalha o sono:

"Como posso estar ainda vivo?"

(Estou vivo?).

Cláudio Saiere.