Se Não Fosses Assim
O amor pensado e o amor vivido é meu. Sendo meu posso guardá- no coração e vivê-lo na saudade. É meu, assim sendo sempre estará comigo. Assim amo todos os meus amores. Familiares e meu amado.
Preocupa-me as experiências, com meu amado, experiências, onde amada e amador são diariamente desafiados pela continuidade deste mesmo amor, o amor verdadeiro. Aquele que nos permitem viver o amor na prática. O amor platônico é meu, posso guardá-lo e senti-lo sem intervenção alheia, e vivo e isto que vive comigo me faz feliz, me faz dar sentido ao que sinto, dar sentido a minha vida. Contudo o amor prático, o amor verdadeiro, precisa ser partilhado, na convivência, no dia a dia. Aí começam os problemas. As necessidades que ficam a meio. As carências escondidas que teimam em se manifestar. Surgem as queixas. A vontade, o desejo de que o nosso amado seja como uma extensão de nós mesmos.
As exigências tornam-se frequentes e já não sabemos como mantermos nossa identidade. Atordoados e perdidos nas brigas frequentes não conseguimos manifestar o amor, nos aconchegos, nos carinhos. E vem o grande vilão da história a indiferença. E o olhar de desejo se perde no horizonte. O amor está ali, o sonho está ali, mas já não conseguimos alcançar com o toque dos dedos. E ficamos à espera do encontro. Cada encontro só será possível com uma coincidência no espaço e tempo. Espaço para viver e tempo para amar. O peito apertado vive a ansiedade para que tudo fique simples como outrora, quando era início de descobertas. Quando fazíamos tudo para impressionar o outro. E a nossa admiração estava presente em cada olhar. Sem julgamentos, sem cobranças, sem tantas mágoas a acumular-se neste mesmo tempo e espaço que tanto precisamos para vivermos o encontro.
Mas a magia algures está lá. Esta entorpecida pela dureza da vida, aspereza dos desafios e na cumplicidade da espera. A esperança esperneia e agita o peito massacrado pela impaciência de querer viver e reviver tudo outra vez. Isto só se materializa no amor verdadeiro e no ódio que também vem junto. Assim saímos da agitação da briga e do ódio e mergulhamos no amor novamente, e novamente, indefinidamente através do perdão. Por isto temos que amar muito até odiar, e depois perdoar por muito amar.
In:’Se Não Fosses Assim...’ Prosa de Ibernise. Fotografia: Ibernise. Esqueiros (Vila Verde/Portugal).
O amor pensado e o amor vivido é meu. Sendo meu posso guardá- no coração e vivê-lo na saudade. É meu, assim sendo sempre estará comigo. Assim amo todos os meus amores. Familiares e meu amado.
Preocupa-me as experiências, com meu amado, experiências, onde amada e amador são diariamente desafiados pela continuidade deste mesmo amor, o amor verdadeiro. Aquele que nos permitem viver o amor na prática. O amor platônico é meu, posso guardá-lo e senti-lo sem intervenção alheia, e vivo e isto que vive comigo me faz feliz, me faz dar sentido ao que sinto, dar sentido a minha vida. Contudo o amor prático, o amor verdadeiro, precisa ser partilhado, na convivência, no dia a dia. Aí começam os problemas. As necessidades que ficam a meio. As carências escondidas que teimam em se manifestar. Surgem as queixas. A vontade, o desejo de que o nosso amado seja como uma extensão de nós mesmos.
As exigências tornam-se frequentes e já não sabemos como mantermos nossa identidade. Atordoados e perdidos nas brigas frequentes não conseguimos manifestar o amor, nos aconchegos, nos carinhos. E vem o grande vilão da história a indiferença. E o olhar de desejo se perde no horizonte. O amor está ali, o sonho está ali, mas já não conseguimos alcançar com o toque dos dedos. E ficamos à espera do encontro. Cada encontro só será possível com uma coincidência no espaço e tempo. Espaço para viver e tempo para amar. O peito apertado vive a ansiedade para que tudo fique simples como outrora, quando era início de descobertas. Quando fazíamos tudo para impressionar o outro. E a nossa admiração estava presente em cada olhar. Sem julgamentos, sem cobranças, sem tantas mágoas a acumular-se neste mesmo tempo e espaço que tanto precisamos para vivermos o encontro.
Mas a magia algures está lá. Esta entorpecida pela dureza da vida, aspereza dos desafios e na cumplicidade da espera. A esperança esperneia e agita o peito massacrado pela impaciência de querer viver e reviver tudo outra vez. Isto só se materializa no amor verdadeiro e no ódio que também vem junto. Assim saímos da agitação da briga e do ódio e mergulhamos no amor novamente, e novamente, indefinidamente através do perdão. Por isto temos que amar muito até odiar, e depois perdoar por muito amar.
In:’Se Não Fosses Assim...’ Prosa de Ibernise. Fotografia: Ibernise. Esqueiros (Vila Verde/Portugal).