Pássaro camaleão
É noite de entrada da brisa quente do verão,
é nessa hora que não se consegue ouvir
um pássaro sequer piando, para minha agonia interior,
o danado vem e canta, dum jeito que me toma toda,
e me encanta, sofro, pois quando ninguém mais
lhe dá ouvidos
a sua voz que vem tangida pelos ventos que sopra
a beleza ímpar de cada folha verde
resquício das chuvas,
amo a diferença entre elas, pois nada que existe
tem a mesma forma, e quando o meu espírito
tenta descansar,
ouvi vindo de algum lugar que tarde da noite ele canta,
despertando o amor que queria dormir sem hora
para despertar,
não queria, mas ouvi e quando ele canta,
só ele consegue me trazer de volta, só ele sabe
que quando
ele solta o seu grito sem querer é a mim que
está chamando...
e eu não queria voltar, cansei de amar, cansei do amor,
mas quando ele canta sinto vontade de colocar
para fora
tudo o que me faz mal, fecho as portas durante o dia,
só para fugir do seu canto, e quando penso que
vou descansar,
ele chega e canta, esse pássaro que de tão azul
perdeu a cor,
ele é feito camaleão, se adapta a cor que tem o amor,
preto e amarelo, é roxo durante o dia, à noite fica incolor,
apenas o escuto, a noite é escura,
em seu grito que percebo o amor.