O NASCER DA POESIA
Hoje, nada vejo!
Mas meu eu lírico, tudo vê,
E como se fora uma antena de TV
Capta os sinais das “ondas”
Que vêm de você.
Então, o poeta, que nada cria,
Apenas recria,
O que o seu eu lírico vê.
Pensa, vê e observa...
E se reserva
À transcrição.
O poeta, meio triste,
Escreve a alegria
Da euforia
Que no teu olhar.
Ele lê.
E o poeta, triste por quê?
Porque poeta
Também se entristece
Quando não vê.
Mas se o eu lírico viu,
Transmitiu
E logo sorriu
Ao poeta
A quem transmitiu.
E o poeta, assim esqueceu,
A sua tristeza
Com a qual amanheceu,
E sorridente
Ele se fez comovente
Com o teu eu.
Pegou um papel
E escreveu.
Ênio Azevedo