AMOR QUE DÓI
Este amor dolorido que o tempo não consegue apagar, geme dentro de mim como uma sombra que anuncia a noite... uma flor que o tempo secou... uma estação invernosa em plena primavera... uma brisa quente em mar revolto... fogo e cinzas na madrugada adormecida... Na memória ficaram gravadas as imagens que guardam todos os silêncios dos momentos em que as palavras se trancaram na garganta.... em que os segredos são cúmplices... o tempo apenas deixa que os sonhos adormeçam em desenhos e garatujas que borram momentos que preciso esquecer...
Ah! Como dói dentro do peito o silêncio das bocas caladas... da impotência das lembranças sempre acesas em imagens que quero apagar...
As palavras ficam prostradas em antros de dor... em rituais de templos sagrados... em ilusões incertas... em espasmos e anseios daquilo que almejo... sinto-me numa total encruzilhada no labirinto da minha mente dolorida... como que percorrendo caminhos assombrosos... pesadelos inolvidáveis dum amor que se esfumou por entre o sonho e a paixão... bebendo a dor em cálices de loucura com o fel da solidão e do desejo frustrado em mundos esquecidos...
Já sem forças para lutar por este derradeiro amor... fecho uma porta dentro de mim que geme em soluços o gozo da dor e recordo tempos sem lugar e no deserto do teu corpo perdido gravo com meu sangue... a imensa dor da solidão!...
By@
Anna D’Castro
(RJ. 02/02/2020)