QUE FALEM,
AGORA NOSSOS OLHOS!
Quem ditam agora, são nossos olhos
Sentem, vislumbram e falam
Sim agora só eles podem falar
Arregalados a seguirem, outros olhares!
Querem dizer e dizem sem precisar de sons
Pensam, lamentam e falam assustados
Boquiabertos, discretos, insinuantes e furtivos
Mas são só eles que devam dizer pelas bocas caladas
A deduzir o que tanto tenta dizer, outro olhar!
Imaginam, descrevem e simulam possibilidades
De afetos, avidez, desfaçatez e medos
Desviam em frações de segundos de outros olhares
Pressentido perigo, mesmo que imaginário
Mas estão a comentar e observar, falando sem dizer, nada!
De outros..., a frente, atrás e dos lados, ouve-os
Seus clamores, sussurros, gritos abafados e temores
Incertezas tão latentes e certezas ausentes de razão
Pedidos coletivos de socorro, de afirmações e datas
Por isso continua na espreita a espera do que nem sabem!
Avizinhado estão de outros pares de olhares lacrimejados
Imersos em choros contidos e recorrentes de dúvidas, tantas
Que os fazem andar e andar sem direção, sem porto e na solidão coletiva
Segredos, loucos para serem revelados e compartilhados...
Cobertos olhares com outros panos, modelos e cores!
Se guardam sobre eles, a desdita reticente e implícita
Bocas sequiosas, mas comedidas, pois precisam calar-se
Por hora, por dias meses, sabe lá quantos ainda...