Noturnamente

Desenovelo poesias nos cabelos da noite; E fico ao relento, rasgando versos na rua. Meu olhar perambula pelos becos sórdidos da tristeza e vai tatear apenas ausências. O labor das luzes solitárias, presas em lâmpadas e crucificadas uma a uma em fileiras de postes, vara a madrugada, em formas amareladas sobre o dorso do chão, rastreado de tanta solidão.

Galhos ressequidos, pendidos sobre grades velam pétalas caídas nas beiras dos jardins. Estendo o olhar para um nada e vejo pedaços de papéis e sombras se moverem com o vento rasteiro. Os papéis se vão, as sombras se movem ainda algemadas, atônitas, como que querendo se desprender daquilo que lhes deu forma.

Convido a noite para uma valsa. Ela nem sequer sorri. E de cabeça baixa só se preocupa em espalhar escuro. Outdoors de minhas ilusões dão tantas luzes e cores às imagens de minha mente, que o recôndito expulsa lágrimas doridas. Rasgo o lenço do silêncio e vou lavar o rosto com outras tantas, que se sucedem. Desfaço-me em rio, sem mar para desaguar.

Recosto-me num banco de praça e concretamente repouso devaneios.

A noite segue galgando mistérios, até que o sol chegue a seu calcanhar, acendendo horizontes.

Takinho

Belíssima interação do amigo POETA OLAVO.

Agradeço de coração a bela trova. Aplausos.

Leiam o poeta em sua página

https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=176200

"Eu sou amigo das madrugadas

Ainda mais sem estar com sono

É quando procuro odes amadas

Para ocupar meu abandono."

POETA OLAVO

Takinho
Enviado por Takinho em 06/07/2020
Reeditado em 18/08/2020
Código do texto: T6997899
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