Eu, aquarela!

Fui impresso sem cor

Feito página de uma vida em branco

Linhas moldaram o meu corpo

Lançando-me nas mãos de um mundo em cinzas

Sob olhares normativos

Minha nudez é posta em uma mesa

Torno-me tela para cores temporais

E o branco puro é violado pelas cores da vida

Eu queria ser bailarino

Mas a vida me privou de algumas cores

“Menina veste rosa e menino veste azul”

E o papel envelheceu em regras dentro de um baú

Hoje o papel rasurado se libertou da caixa

Apoderou-se das cores de sua alma

Tornando-se um artista

Fazendo da própria vida um arco-íris de conquista.