Auto-exorcismo
Ontem, ouvi a leitura da Carta ao Zézim. Me senti o Zézim. Nessas piras de me afastar da literatura mais real, mais pesada, mais fumacenta de cigarro e talvez de ressaca, há tempos não tinha coragem de abrir um Caio Fernando Abreu pra ler. Me encontrei no Zézim. Um cara que parece meio estagnado em algumas dúvidas, pedindo conselho ou fazendo várias perguntas ao Caio. O Caio, sabiamente, honestamente, instruiu o amigo. O induziu a pensar sobre certas situações, obrigações, reclamações. Enfim. Desse texto então roubei o título deste. Achei a expressão auto-exorcismo, quando Caio o aconselha a escrever (se realmente achasse que devia), e me caiu como uma luva. Auto-exorcismo. Então é isso. Também preciso. Já haviam aconselhado e eu até o fiz uma vez, durante uma crise de choro terrível, mas libertadora. É importante dizer que sempre procuro o caminho do meio, o equilíbrio. Talvez a gente deva ir até onde a gente pode ir. Nada de mergulhos de cabeça. Foi isso que sempre fiz (quero bastar com isso) e agora quero raciocinar. Mas também sentir. Sentir bem. Será que uma escrita auto-exorcista ajuda? Acho importante não fazer parágrafos nesses tipos de textos. É fluxo da mente. Tem pausa mas não tem divisão.