ANDANDO COM ALEGRIA
     Andando, observei as caras carrancudas das pessoas que passavam a elas eu entrelaçado; às vezes tocavam, esbarravam.
     Olhei para mim e me vi igualmente carregando a mesma carranca e participando do mesmo cortejo de todas elas a levarem sem alegria o que assim deveria ser: a vida recebida para bem viver.
     Parei, me desliguei e você visualizei. Espontaneamente em mim brotou o sorriso. Segurei-o e segui. Enquanto andava mantinha a naturalidade da alegria e vi que os meus sentidos se aguçavam: os olhos sorriam com os verdes das árvores, das coloridas roupas das belas jovens, o azul do céu e voos dos pássaros; a audição captava os cantos dos passarinhos, de músicas saídas de portas de lojas anunciando seus produtos; e o olfato anunciava o aroma trazido pela brisa do mar ali perto, dos perfumes exalados dos passantes. Esses sentidos, satisfeitos, sustentavam meu sorriso não encontrado na carrancuda multidão... Entretanto, o paladar e o tato, desejosos de também estarem nesta festa de alegria, desesperadamente buscavam em que que se apegar e logo se ancoraram na fantasia: o paladar trouxe a lembrança do quanto são doces os teus lábios, e o tato soube, de imediato, trazer a minha mente a maciez do teu corpo, o afago das tuas mãos e calor dos nossos abraços.
     Dessa maneira, por inteiro, o meu eu seguia em alegria.
Ismeraldo Pereira
Enviado por Ismeraldo Pereira em 03/07/2020
Código do texto: T6994867
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