VIAGEM DA SIMPLICIDADE
 
 
CHEGA UM TEMPO, ASPIRO O AR DA VIDA, NA VEREDA DA ESTRADA. O AMANHECER NO CÉU É UM MANTO AZUL BORDADO DE NUVENS DE ALGODÃO QUE AOS POUCOS FAZ DOURAR OS BRILHOS NAS CASINHAS DE BARROS.

NA FRONTE DO TELHADO DE PALHAS, AS ROUPAS ESTENDIDAS E DESBOTADAS NO VARAL, QUE LOGO SECAM, AO SABOR DO VENTO ALÍSIO. É A PASSAGEM LIVRE DO VENTO FRESCO, ORIUNDOS DAS MATAS, SEM OBSTÁCULOS DE CONCRETO, QUE EXALA O PERFUME DO AGRIDOCE DO SABÃO DE COCO, NAS MÃOS CANSADAS DAS LAVADEIRAS
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OS MIÚDOS, SÃO MARGARIDAS RASTEIRAS, QUASE DESNUDOS E DESCALÇOS, QUE BRINCAM ALEGREMENTE COM SEUS BRINQUEDOS DE POUCA VALIA : DE LATAS, PLÁSTICOS OU MADEIRAS. ELES ACENAM COM SORRISOS MAROTOS,PARA A MODERNIDADE, QUE ÀS VEZES OS IGNORAM, POR ALTA PASSAGEM DISPARADA NA ESTRADA
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A VIAGEM FOGE DO ITINERÁRIO, NÃO TEM HORA MARCADA, É A PASSOS DE CÁGADO. A VELOCIDADE É DE NORMALIDADE SERENA, SEM DEIXAR FUGIR NENHUM CENÁRIO, DO QUE SE PROCESSA NA VIDA DO CAMPO.

VEZ OU OUTRA, A DEVIR, UMA FUMAÇA DE IMAGENS DAS COLINAS DISTANTES, COMO PONTOS DE CONFETES, NAS CORES PRETA, BRANCA E MARROM, ENTRE O PASTO VERDE, QUE SE DESLUMBRA, COMO UMA ÁRVORE DE NATAL

NO PÉ DA COLINA PASSA UM RIO CRISTALINO. O CHEIRO DO CAFÉ VESPERTINO COM O PÃO FEITO CASEIRO, A FORNO DE LENHA, EMBRIAGA OS SENTIDOS E AGUÇA OS INSTINTOS.

O BANHO NO RIO É GELADO. MAS NÃO IMPEDE DE HAVER TROCA DE ENERGIA, ENTRE DOIS CORPOS, QUE SE ACONCHEGAM NUMA ESTENDIDA VIAGEM, COM PERMUTAS CARINHOSAS UNIDOS DE CORAÇÕES.

OS MARCOS DOS QUILÔMETROS VENCIDOS NA ESTRADA, VÃO DEIXANDO SAUDADES DE INÚMEROS UMBRAIS. SÃO VERSOS CAÍDOS DE UMA CACHOEIRA_ VÉU DE NOIVA_ FORMATANDO COM TRANSPARÊNCIA UM ARCO ÍRIS NA FONTE, COMO AQUARELA GRAVADA NA PAREDE DA MEMÓRIA, NARRADA NA INDELÉVEL VIAGEM DA SIMPLICIDADE