Canto leve, passarinho ao vento. Ondas de calor num recreio do pensamento que faz serenata sob as árvores. Na escola da vida professora é dona de casa abanando o tapete. Pra criançada, calda e sorvete! Ciranda, cirandinha vamos todos circundar. A bola chutada no vidro. O chinelo que era trave só não travava a língua solta na espetacularização do bombril rodado: 3,2,1! Miau, miau! Papagaio louro já deixou cartinha pro namorado, coitado. Pedala, pedala, pedala; usa o freio, que só não freia a alegria. Da janela, o olhar de menina busca Pedro. Meias vermelhas de listras brancas, à meia perna, e um sapato de ver Deus. Mas pra jogar futebol, podia? Quem sabe o destino, tão serelepe quanto o menino, trouxesse sua mãe de volta? Um suspiro discreto, o último (talvez), selava o amor de criança, na corrida até o gol. Respirou fundo e sorriu acenando, bola quicou rodando e nela escorregou. Queda da altura do corpo. O socorro vinha pouco discreto, luz intermitente do giroflex e sirene, que o digam. E antes que o coração, agora lento, fizesse sua última parada, olhou pro bombeiro e disse: Pede benção a vó! Diga que vou encontrar minha mãe no céu! O bombeiro cerrou-lhe os olhos, enquanto enxugava as lágrimas do seu: - A mãe desse menino morreu quando o rejeitou e partiu fugindo das responsabilidades, mal sabe ele, em sua inocência, que a mãe nunca foi pro céu porque suicidou-se quando fugiu de casa com o barraqueiro e o largou. Que Deus o tenha! Num lugar bem melhor...