Folha Corrida
Essa coisa de amor, de experimentar o coração acelerar, de correr riscos... Santusa se dispôs a amar. Até aí tudo bem, quantas pessoas no mundo fazem isso diariamente? Até eu já fiz. Mas o que ela não sabia, é que o cara tinha uma folha corrida pra mais de 1 km. O safado já tinha machucado uns corações, ferido de morte outros, desiludido pra sempre uns, assaltado outros, deixado corações partidos no altar...
O danado era bonito demais e bom de prosa. Fazia um mal-feito, era perseguido e preso, pagava a fiança ou cumpria a pena, era novamente solto, de volta ao crime... Santusa, tão esperta, caiu no conto-do-vigário. Envolveu -se com o sem-nome, com o mal-feitor. A ele entregou seu coração - tão limpo e santo - que fez dele um carnaval. Sambou na avenida, serpentinou, fez troça, bossa, até... deixa pra lá que palavrão não é coisa de se falar, apesar de que o traste merecia uns nomes feios... Nas cinzas, Santusa acordou do torpor, abriu os olhos e viu que havia sido abusada. Seu amor lá ia sambando com outra, mais linda e esperta que ela! Descobriu que o amor era só seu! O mequetrefe zombou do seu amor... - Ah, sem-nome, vá embora, se avie, que um dia a casa cai! Não tem carnaval o ano inteiro não! Vou limpar a avenida, trocar o samba por um assobio fresco na madrugada, desvestir as roupas de palhaço que fui. Sou agora bailarina, meu palco cheira talco, meu coração remendei com laços de fita de cetim. Junto disso tudo levo você ao tribunal pra pagar mais esse mal!