Escreva
À sua frente,
cartas e fotografias marcadas
pelo tempo,
algumas ainda fechadas sem motivo algum
de ser, passado tantos anos.
Impaciente ela ia até as frestas
olhava a rua deserta,
as faixadas das casas esperavam
o sol se ir mais uma vez,
pensamentos não conseguiam atravessar
o final da rua,
então ela falou para a sua alma enferrujada;
Escreva, uma nova carta mesmo sem amor,
de palavras sem emoção,
não olhe as borboletas à voarem
sobre as flores em tempo chuvoso,
escreva qualquer coisa,
sem ilusão, sem pretensão.
O mundo não é mais um lugar seguro,
nada permanece igual, temos que perder o medo
antes que a vida passe,
para sairmos dos nossos labirintos internos,
não nos deixemos nos perder
nesse infinito existencial,
então escreva o que quiser, depois se afaste um pouco
do seu eu... ao reler seus pensamentos,
repense sobre o seu próprio ser.