O NAVIO

O NAVIO

As águas por aqui, nunca foram totalmente calmas, desde a chegada de Cabral. Porém, um ou outro navegador conseguiu contornar a situação, e vencer as tempestades, fazendo com que a viagem se tornasse menos inquietante.

O comandante costumava ser a autoridade máxima durante a navegação; ele ordenava, a tripulação obedecia, e grande parte dos objetivos da viagem era resolvida dentro da normalidade, se não em tempo hábil, pelo menos, em tempo de evitar grandes transtornos durante o percurso.

Ninguém se aniquilava, os marinheiros trabalhavam ajustando as luzes, o combustível, e o que mais fosse preciso para manter a embarcação equilibrada, e os passageiros viajarem sem preocupações com naufrágio, iceberg, ou tormenta.

De repente, um deslize, um erro grave!

Por engano, só pode ser por engano, foi eleito um comandante inapto, que por sua vez elegeu alguns tripulantes também despreparados, que ainda não descobriram a que vieram, e tomam atitudes, sem ter o devido conhecimento do itinerário, nem das águas por onde navegam. O caos está instalado.

Os marujos mais habilitados se esforçam para manter a sincronia entre o balanço das ondas e as determinações do líder maior, o qual costuma tomar medidas na calada da noite, sem comunicar a sua tripulação; medidas essas, que sempre são derrubadas, por serem avessas às normas de ética e de segurança do Navio.

Um diz – tudo a bombordo, o outro diz – a estibordo. Não há entendimento.

Assim, o navio segue à deriva, sem um condutor que o leve a um porto seguro.

A grande maioria de passageiros se rebela, e pede a substituição do comandante; outros, porém, em grande parte os que o apoiam, organizam motins, na tentativa de intimidar e derrubar os opositores, que no momento são em número maior.

A viagem se torna perigosa, ninguém sabe o destino deste navio, que está mais propenso a afundar, do que se aprumar para prosseguir.

Mesmo assim, a viagem continua.

Tanto os passageiros, quanto os opositores e os apoiadores do comandante seguem com a esperança de dias melhores rumo a Terra Prometida.

Zezé – 18/06/2020

Zezé Freitas
Enviado por Zezé Freitas em 26/06/2020
Reeditado em 26/06/2020
Código do texto: T6988350
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