INOCENTES ÚTEIS
No meio da confusão, todo mundo grita, ninguém tem razão,
Uma mescla de culturas sem predomínio de uma visão,
Somos uma colcha de retalhos, e sem uma tradição,
O tecido social brasileiro não tem uma definição.
Enquanto isso lá em cima sugando ferozmente as mamárias,
Em conjunto com parentes, amigos, e até alguns párias,
Estão os astutos senhores de capitanias hereditárias,
Embaixo os dependentes das ações comunitárias.
Sem direção e perdidos no meio da briga entre espertalhões,
Agarram-se a miúdos interesses, ao sabor de emoções,
Eles brigam entre si mesmos, envolvidos nas ilusões,
E não percebem, mas fazem parte das diversões.
Subdesenvolvidos, subnutridos, semialfabetizados em geral,
E só uma ínfima minoria, permanece fora desse arraial,
E ela nada pode fazer, senão assistir o triste festival,
Temos a rica natureza, ao lado do podre lamaçal.
Alguns poucos procuram sintonia com o procedimento ideal,
Cuja adoção, possibilitaria uma solução apenas pessoal,
Mas, tudo já está inserido em um aplicativo Universal,
O joio e o trigo foram separados já na fase inicial.
Em desenvolvimento, está apenas o processo de purificação,
Estamos somente cumprindo o roteiro da representação,
O livre-arbítrio está no programa, ele é a nossa ilusão,
A figura do homo sapiens não existe de antemão.
Trigo é trigo, e joio é joio, e jamais haverá qualquer mudança,
Somos o que somos, e não vale simular uma semelhança,
Alea jacta est, restando-nos tão somente a esperança,
E estarmos inclusos na terceira parte da herança.
Os observadores mais atentos, notam a estranha conjugação,
Ocorrem eventos diversos e simultâneos de repercussão,
Além da pandemia, conflitos diversos e discriminação,
Não é acaso, mas algo mais amplo, em gestação.
A sujeira em efervescência no planeta, já transborda no fogão,
É tempo de colher o trigo, para fazer a devida separação,
O joio é varrido para a fogueira fazendo grande clarão,
A geração cósmica aproxima-se da sua conclusão.