TRIBUTO A BUKOWSKI OU TÉDIO NA QUARENTENA
Eu amava a arte
E a arte me amava
Eu via a arte
E a arte me mirava
E eu empunhava a pena
E Charles Bukowski queimava minhas entranhas
E explodia em meu cérebro
E meus neurônios vacilavam como marujo bêbado
Após a garrafa de run
E Charles Bukowski brincava com minha mente
“não o faças a menos que saia da tua alma como um míssil”
E eu amava a arte
Até que a ciranda da morte recomeçou
E eu não vi sentido na arte
Todo o sentido voltado para o mestre da arte da morte
Não, não é um novo mestre
É o velho
Apenas mudou seu nome
Uns o chamam corona
Outros, coroa
Eu o chamo “abismo”
Posto que, mestre que é,
Nos separou do nosso passado
E nada será como antes
E então eu vi o sentido
E ouvi Charles Bukowski
“que saia da tua alma como um míssil”
Mas é tarde
Joguei no lixo da minha história
A velha máquina de escrever
Mas quem precisa dela?
Empunhei novamente a pena
Expulsei Bukowski de entre os meus neurônios
E mudou o sentido das coisas que eu via
E no meio da morte e princípio de caos
Saiu como míssil da minha mente
Um poema em plena pandemia
Eu ainda amo a arte
E minha mente... ah...
Ela é um bombardeiro