TRIBUTO A BUKOWSKI OU TÉDIO NA QUARENTENA

Eu amava a arte

E a arte me amava

Eu via a arte

E a arte me mirava

E eu empunhava a pena

E Charles Bukowski queimava minhas entranhas

E explodia em meu cérebro

E meus neurônios vacilavam como marujo bêbado

Após a garrafa de run

E Charles Bukowski brincava com minha mente

“não o faças a menos que saia da tua alma como um míssil”

E eu amava a arte

Até que a ciranda da morte recomeçou

E eu não vi sentido na arte

Todo o sentido voltado para o mestre da arte da morte

Não, não é um novo mestre

É o velho

Apenas mudou seu nome

Uns o chamam corona

Outros, coroa

Eu o chamo “abismo”

Posto que, mestre que é,

Nos separou do nosso passado

E nada será como antes

E então eu vi o sentido

E ouvi Charles Bukowski

“que saia da tua alma como um míssil”

Mas é tarde

Joguei no lixo da minha história

A velha máquina de escrever

Mas quem precisa dela?

Empunhei novamente a pena

Expulsei Bukowski de entre os meus neurônios

E mudou o sentido das coisas que eu via

E no meio da morte e princípio de caos

Saiu como míssil da minha mente

Um poema em plena pandemia

Eu ainda amo a arte

E minha mente... ah...

Ela é um bombardeiro

Paulo Cesar Alexandrino
Enviado por Paulo Cesar Alexandrino em 23/06/2020
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