Viagem no tempo é coisa do passado

Todo mundo tem desses momentos. Aquele dia, aquele mês, aquele segundo, o exato mississipi, em que tudo drasticamente muda. E então, na ordem cronológica da sua vida,montada por seus netos ou filhos, há a clara divisão. Entre o que era e o que se tornou. Essas eu dividi assim: o durante e o pós-fim.

Nossas vidas se confundem e traçam-se paralelas, do momento em que as estrelas se alinharam em uma (noite-dia-tarde) de novembro até o que seria o meu aniversário, em julho. E pra quem é bom de matemática e de ligar pontos, é sobre isso que estou falando.

Eu nunca mais fui a mesma após você ter sido outra. É triste assim. Minha mente conspiratória já denuncia: você mudou para dar espaço ao novo. O novo que seria mais você do que você achava. O novo que um dia se tornará desgastado, até o dia que a coragem vier, e pudermos chamá-lo de velho. O novo, que não é nada novo, porque é cópia, amálgama, de dois outros.

Ainda bem que tenho esclarecido: ser original é impossível, o que há é apenas uma junção criativa do que todos têm visto.

Isso me acalma o coração... Minha vida pode não ser apenas uma cópia completa da sua, embora certamente quem você era soe muito como quem sou agora.

Viajar no tempo é coisa do passado, a moda agora é inventar cenários imaginários.

A narrativa é simples. Eu li quem você é através das suas próprias palavras, com 15 anos de idade. Me espantei às gargalhadas... por sermos iguais. Mas o que pertuba não é a semelhança, mas sim o que o futuro aguarda. Qual foi a página que você omitiu? Talvez aquela que te fez virar a página...

Todos temos, repito, esse exato minuto,ou a exata pessoa, circunstância, que nos torna rígidos, mais frios.

Qual. Foi. A. Sua. ?

Qual. É. O. Segredo. Que. Você. Esconde. ?

E porque escondê-lo, sobretudo quando sei que ele existe...

Essa dureza provocada, não é minha. Se manter criança é se manter saltitante? Também não...

É sonhar dos olhos abertos... É falar do amor que vêm à mente...

O quão mais eu não saberia sobre mim, se você me contasse a história dessa página arrancada. Já que a história absolutamente não progride, se repete. E o destino é apenas fruto de escolhas. Permutações, se me permite.

Mas o quão frequente não se torna a percepção, de que toda decisão é tão parecida com outras. E que essa bolota de bifurcações e incertezas aglomeradas é tão parecida entre nós. Os mais céticos dirão que é absolutamente lógico e que 'maçã vermelha sempre dá fruto doce'. Mas novamente, o quão comum não é... comer uma maçã de fruto podre? Será tão lógico assim, essa manutenção de padrões? Será tudo mesmo advindo da criação?

Ou será que todo filho, é viajante do tempo e pode ver sua história contada na face de seus pais...