Casulo

É bom ver as coisas ganhando novo jeito. Os olhos agora são sorrisos da alma, uma nova maneira para as velhas coisas.Esquisitamente tudo vai ganhando forma e se transformando em novidade.

Contemplar essas mudanças é por um lado cruel diante das várias vítimas dessa tragédia, da qual o responsável é invisível. Pessoas que se tornaram lembranças de sorrisos e partiram em direção ao desconhecido e inalcançável.

Por outro lado, perceber novas formas de ser, de sorrir, de encontrar e reencontror é de fato uma situação estranhamente cativante. Há mais ou menos três meses fomos obrigados a nos encaixarmos em um casulo ao qual já pertenciámos, mas fomos enfurnados e fomos privados de liberdade.

Para alguns a vida segue em um novo modelo, uma nova realidade, um novo reenventar-se. Para outros não deu tempo de dizer adeus, de dá o último abraço, o último olhar de se encantar com um novo dia. Fomos como em uma aventura descobrindo maneiras de se manter vivos, ora o vírus, ora o medo nos apunhalava a esperança de um novo dia.

Tudo saiu do seu devido lugar, do dia para noite fomos convidados a nos retirar do normal. E o normal tornou-se uma ameaça e a morte uma terrível rotina e todos, sem tirar nem por cairam na ruína de está vulnerárel aquilo que não se ver. De repente o mundo se fechou, se separou e cruzou os braços em sinônimo de abraço. Emergentemente a vida muda, talvez um giro de 360 graus sem sair do lugar, do qual a vida se refez e escancarou que o futuro é um horizonte distante e que a morte é um risco eminente que engana gente que pensa ser blindado. Descobriram que não importa a cor, a raça, a religião, o valor bancário em conta, a escolaridade, na verdade, na verdade somos feitos de uma mesma materialidade e que as diferenças calculam apenas o que é perecível, o que efêmero e pouco resistente e no fim independente do lugar, todo mundo é gente.

Se refazer foi necessário, obrigatório.Percebemos que a receita utilizada na forma de amar era contraditória,logo redescobrimos a necessidade de amar de verdade, a importância de celebrar a vida.Foi preciso chocarmo-nos para nos humanizar,

Foi preciso perecer para reconhecer que teve tempo, mas desperdiçou.Teve oportunidade,porém deixou passar.

Um rectutamente para reconhecermos a nessecidade de amar o próximo, sem ser tão próximo assim, entender o olhar do outro, de olhar no olho e imaginar a sua essencialidade sem julgamentos.

Há 90(noventa ) dias estamos encasulados, aos poucos as janelas vão se abrindo, com cautela e cuidado. Uns, depois desse momento carregarão a ausência de alguns e se aconchegarão na lembrança daqueles que terminaram seu trajeto.Outros por suas vez agradecerão por terem ganhodo uma nova chance, um novo olhar, um novo tempo e àqueles ficarão felizes por reencontrarem o abraço, o aconhego e o colo, no mesmo espaço. Eu ao escrever, sinto uma envolvida por uma mistura de sentimentos e estou emocionada por poder de alguma forma relatar essa situação antes inimaginável e agora realidade. Sair na rua, olhar a lua, ver o mar, ver gente, abraçar,agora por hora, é um sonho a se acreditar. O casulo vai se abrindo aos poucos, desejamos ser borboletas e viver a realidade de um novo normal senguindo um novo ritmo, um novo embalo...sonho todos os dias em abrir os braços em frente ao mar, ouvir o som de gente sorrindo...vivendo...e seguindo...num movimento exagerado de quem está recomeçando a aprender voar...quero ver borboletas de todas as cores, de vários amores...

Driely xavier
Enviado por Driely xavier em 19/06/2020
Código do texto: T6982217
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