Nonagésimo quarto dia
"A quarentena de um poeta"
Nonagésimo quarto dia:
Havia tantas denúncias feitas pelos soberanos tribunais a exibir na mesa de mármore de carrara os componentes e condimentos da pizza gigante. Era sobre as mentiras digitais, os ataques ofensivos contra a guarda da lei maior, as lavagens das patacas de dinheiro e as fraudes no sistema de saúde. Naquele entretanto, o inimigo se manifestara a distribuir seus salpicos mortais, pois se iniciava segunda fase de flexibilização. A peste pegava carona no meio de transporte coletivo a se pendurar nas suas barras metálicas a ser combatido pela higienização gelatinosa e bastara uma brecha para que ele fizesse novamente a festa.
Aguardara o caminho estreito da escada rolante da rodoviária para tentar quebrar o silêncio das bocas fechadas dos usuários que foram obrigados a trafegar.
Invadira camufladamente os gramados de testes onde os atletas jogavam suores no ar, mas que testados se escudavam dos contra-ataques.
Deitara na areia das praias a ser pisado pela solas quentes salgadas das pranchas dos musos que o impedira de se alastrar.
O cerco deixara o destemido invasor enfraquecido, algumas armas foram descobertas para combatê-lo, porém era preciso cautela e os que não a tiveram, continuaram a pagar o preço.
Restara então investir contra os ambulantes que oficialmente voltara com as novidades de seus produtos eletrônicos e seus tecidos piratas.
Todavia, a maioria estava imune, pois fora libertada pela coragem e disposição de seus guerreiros de bancas improvisadas.
Uma grande amiga, professora de educação física e dança, me encomendara um poema infantil para utililizá-los em sua live com os seus alunos do primeiro segmento e me dispus a escrevê-lo com muita simplicidade dentro do contexto da escola a incentivá-los a acreditarem que tudo voltaria ao normal e nos restaria o sentimento mais nobre, a gratidão.
Ela está indo embora
Eu sei que ela está em despedida
Por isso, grato eu estou
Buscando voltar a vida
Com o restante que ficou
Estou com tanta ansiedade
De querer logo voltar
A andar pela cidade
E com vocês desfrutar
Poder dançar novamente
No pátio da felicidade
Correr muito contente
Com a total liberdade
E cantar com muita alegria
As canções do dia a dia
Nunca esquecer do amor
E que por ele, grato eu estou