CONFESSO, DELES EU SINTO INVEJA!
Eu não queria dizer,
Mas sinto deles inveja.
Vão e voltam sem limites,
Livres batendo as asas
Desfrutando do ar
E das frutas pelo caminho.
Pousam aqui, voam acolá,
Não tem hora, não se apressam.
São literalmente livres.
Não inventaram o tal pudor,
As cortinas sociais,
Os empecilhos,
O medo,
A dor.
A dor talvez, porém sem traumas,
Não carregam essa dor da alma.
Não suportam nos ombros
A dor de trabalhar para o enriquecimento.
Basta o trabalho do dia a dia para o sustento.
Não há preocupações com o dia seguinte
A guerra é apenas contra um predador,
Do mais, apenas um infinito para desbravar.
Sim, eles me invejam, esses pássaros felizes.
Eles que quando comem fazem algazarra,
Cantam e espantam seus males.
Alguns deles cantam e dançam
Para atrair a fêmea e procriar.
Que inveja me dá esses serezinhos,
Eu os quero sempre livres, amo-os assim!
Fico triste olhando para eles
Pela minha falta de liberdade.
Sou tolhido desde que nasci
Até meu nome não pude escolher
Batizaram-me sem me perguntar
Nem a religião ou deus eu escolhi.
E mesmo que agora eu tenha essa escolha
Há sempre uma imensa lacuna em mim
O medo do infeliz pecado.
E eles, bem, para que nome?
Quem ali quer saber?
O importante é viver intensamente
Voar, voar e ser feliz.
Então algum desavisado me diz:
Sou livre e faço o que eu quiser,
Pobre infeliz, assim como o José
Não é livre nem para morrer!

“Sabe de nada, inocente”!
E eu aqui atrás das grades sociais
Vou falando de liberdade e paz
Mesmo sabendo que nunca me vão existir.
Ainda bem que há uma liberdade que me alivia
Talvez seja apenas pela metade,
Pois a minha cabeça só pensa o que aprendeu.
Mas vou nessa luta noite e dia
Buscando uma revolução libertária
Nas asas simbólicas das minhas poesias!
JOEL AMRINHO