Octogésimo sexto dia.
"A quarentena de um poeta"
Octogésimo sexto dia:
Uma nova contagem do número de mortes não me interessara, o que me traria tranquilidade seria um empenho maior na luta contra o fulminante inimigo. Apesar da relevância do assunto, estivera claro mais uma polêmica para desviar o principal escopo.
Infelizmente, o meu país se tornara pária aos olhos do resto do mundo. Sofrera críticas das organizações intenacionais e do tio das Américas que nos avaliara como os que deram o pior exemplo de controle da pandemia a dizer que se seguisse o nosso modelo, haveria um número vinte vezes maior de óbitos em seu território.
Outra infelicidade fora a exaltação do chefe da nação pela forma de combate do país nórdico de primeiro mundo que depois do desastre tivera a humildade de informar o seu grande erro de estratégia.
O seu guru que morara no exterior lhe pedira socorro, que lhe fora negado, e explodira seu ódio nas telas de cristais com ofensas morais sujeitas a aumentar o seu número de processos através de cartas rogatórias.
Muitos líderes mundiais se renderam às orientações do mundo no enfrentamento à pandemia e o nosso comandante estava a ser considerado o pior líder.
Muito fora da realidade, o mundo da fantasia dantesca não combinara com os fatos desatrosos que estavam a acontecer com nossa sociedade.
O que me deixara triste era testemunhar o descaso dos jovens da minha comunidade a desfilar pelas ruas como se nada tivesse a acontecer e adentrar nos estabelecimentos comerciais com a mesma displicência de literalmente cuspirem para o alto.
Eu chegara a conclusão que a atitude de um líder reflete nas ações dos seus discípulos que o seguem cegamente a não poder pensarem opostamente com medo de serem julgados.
O usurpador
A imagem na parede de cristais
É do homem da capa
O que dessabe dos funerais
A ignorar o mapa
Aquele dos espinhos e laços
Nunca foi um bom soldado
Passou-se algumas décadas
E não teve nada projetado
A promover as contendas
O homem perverso peca
E a acontradizer suas oferendas
O bolso do pobre seca
Quem usurpa nega a contagem
A respeito dos mortos
A verdade é uma miragem
No mundo dos votos