Tempo que se enlaça

Todo dia a noite chegava e eu sumia:
cruzava a rua, invadia o matagal,
voltava pra rua e meu pai nem sabia
onde afinal eu estava: se bem ou mal...

O dia mal chegava e ela estava pronta
pedalando os horizontes dos meus 15 anos,
saciando minha sede de viver...
E indo além do limite patriarcal...

Perfeito este par: aprontávamos juntos...
Ela meu status- e seguro transporte-
onde ia além dos limites de mim mesmo,
indo contra os acertos com o meu pai...

No entanto, uma vez excedi e me dei mal...
E, por castigo, a perdi, pra quem não sei...
O fato: quebrei o contrato com meu pai
ficando em segunda época em latim!

Foi uma dor inominável, mas meu velho
matou vários coelhos na cajadada:
voltei aos estudos, me tirou as noitadas,
saídas e paqueras longe de casa.

Nem bicicleta... Nem negociação...
E foi...foi vendida por parcas moedas...
Ficou um vazio nas minhas venturas...
Lembranças do meu querido e austero pai...