SMS
Ela me beijou e disse:
"Me envia uma mensagem de amor,
algo fofo, romântico...
eu te envio tantas coisas
e você nunca me manda nada".
Era 2009, não existia whatsapp e etc.
Meu celular não tinha internet
e eu não tinha grana pra comprar pacotes de mensagens,
mas naquela noite,
por um acaso, sorte ou sei lá o quê,
eu tinha crédito.
Peguei o aparelho e lhe enviei um SMS
com uns versos do amargurado Álvares, levemente alterados por mim:
"És o sonho da minha esperança
uma febre que nunca descansa
o delírio que me há de matar."
Foi a coisa mais romântica
que me veio à mente.
Ela parou, leu, olhou para mim
olhou para o seu celular novamente,
fez uma cara confusa
e eu com uma espécie de
vergonha apaixonada
baixei a cabeça e esperei.
Então, me beijou docemente
e abriu aquele sorriso
que iluminava meu peito.
Nunca perguntei se ela gostou da mensagem
ou se odiou,ou se não entendeu,
mas, apesar dos versos,
das brigas desordenadas,
das gritarias e das lágrimas
em nosso indefinido namoro,
ela me amou e me
suportou por quase dois anos.
Eu era fraco, covarde.
Relutei em largar a sua mão
quando os sentimentos morreram
e os ventos da vida
nos levaram
para direções opostas.
Acabei nos fazendo sofrer
mais do que precisávamos,
mas, agora, cheio de cicatrizes e lembranças,
eu gostaria que ela soubesse
que cada beijo, carícia,
que cada dia ao seu lado,
os felizes, os tristes e mesmo os caóticos,
todos eles foram como sonhos bons
e com certeza,
ainda que o preço desse amor
tenha sido me desmoronar por completo
até morrer absolutamente só,
eu renasci forte e
tudo valeu a pena.