Octogésimo primeiro dia.

" A quarentena de um poeta"

Octogésimo primeiro dia:

No décimo dia de protesto anti-racista, um funeral longo de seis dias era o mínimo de homenagem ao homem negro abatido com a mesma arma do protagonista da pandemia, um golpe fatal que impede o ser humano de respirar.

Ao redor de seu corpo houvera coros a cantar belas canções no lugar de choros a tornar o ritual em um grande espetáculo de despedida.

A sua partida dera início ao sujeito inexistente poderoso e sintático do "bastar" que despertara o povo do planeta a lutar pela verdadeira liberdade e respeito àquele tem o sangue correndo nas veias tal qual ao dos seus opressores.

O fato acontecera quando de dentro de uma gota gigante, o policial branco chegara no espaço do cidadão que lamentara a perda de emprego. Arbitrariamente o vírus fardado oprimia o desempregado pai de família a se apoderar de suas células as infectando. A partir daquele momento, George não conseguira respirar, pois suas vias aéreas eram bloqueadas pelos joelhos covardes do racista malfeitor que parecera conhecer o método de asfixia nos animais.

Seus pulmões começaram a sofrer danos devido aos sacos de ar de suas extremidades que sofreram uma congestão a impedir que o oxigênio chegasse ao seu sangue de atleta e fosse distribuído para o resto daquela massa corporal que intimidara os seus oponentes. Os pedidos de clemência não bastaram para interromper aquele processo de tortura e ninguém tivera a coragem de se colocar entre o peito estufado daquela farda suja de preconceito e o rosto que estava a se apagar.

A vida de Floyd importara para o mundo e as manifestações eram a prova. No nosso país, os manifestos eram pela defesa da democracia, contra o chefe mor e o racismo, que era colocado em último plano.

Depois que tudo passasse, eu gostaria de continuar a ver as mesmas cenas que assisti das ruas onde brancos e negros se uniram em prol da luta contra o vírus do racismo.

Negra Mulher

Ventre livre para o inglês ver

Livres sem dores, o ser

Somente espasmos do parto

dos belazes amores

O ventre era sagrado

Posse dos brancos senhores

Gerou frutos miscigenados

Uma mistura de cores

Nasceram mulatos

Poetas do agreste

Escultores Aleijadinhos

Ministros mestres

Nasceu uma cultura

Uma própria identidade

Graças ao ventre

da Negra Valente

Livres das correntes

Sem chibatas, sem marcas

Belas, as mulheres

dos libertos ventres

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 04/06/2020
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