Octogésimo dia.
"A quarentena de um poeta"
Octogésimo dia:
No oitavo dia de atividade mundial contra o racismo, um soldado negro de alta escala nomeado para dirigir um estabelecimento cultural desapontara a população a classificar o movimento negro como "uma escória maldita".
Era como se um homem branco e racista tivesse pintado rosto de preto para se infiltrar no intuito de manchar a cultura afrodescendente e que o tempo revelara a sua verdadeira identidade.
Não se entendera o seu ódio pelo símbolo da resistência contra a escravidão, todavia eu compreendera a sua postura, pois o discurso era o mesmo do oficial da Educação.
Somente o ventre é livre, pois o ser que se hospeda por quarenta semanas tem o mesmo direito de outro de mundo diferente, uma semente que nasce sem correntes a não saber que há lá fora uma casa grande branca que vai tentar escravizá-lo.
A palavra liberdade é muito pesada e custosa para ser lançada das bocas da burguesia que dona do poder estivera a proclamá-la.
Aquele vocábulo estivera a ser considerado o mais impactante dito de forma correta e até mesmo em entrelinhas ou gestos como fora pelas maiores potências mundiais que estavam na rua a gritá-lo.
Infelizmente a pandemia acentuara mais ainda o preconceito tanto racial como social. Os mais carentes, a maioria negros e miscigenados, fizeram parte das vítimas fatais pelo fato de não serem assistidos pelo governo que nunca se importara com o saneamento e hospitais.
Os hóspedes da enorme morada foram atingidos, contudo houvera uma suíte equipada de doutores que os assistiam a deixá-los imunes e fartos, enquanto que a senzala se reforçara com a sobra para tentar se salvar.
O quilombo não tivera líder, era formado pelos trabalhadores pobres e informais totalmente autônomos e livres que montaram suas barracas em feiras, praças e arredores dos castelos a servir a todos com a alegria de suas culturas regionais.
Talvez fosse a falta de conhecimento do homem que não conseguira interpretar a história de acordo com o contexto da época a trazer para os dias de hoje a sua crítica abusiva. Estava a ser mais uma vez declarado a falta de coesão de um governo que distribuíra cargos a aliados despreparados como o do jornalista que não tivera a competência de um historiador da cultura negra.
As melhores histórias eram as dos negros que tiveram chance de vencerem os obstáculos impostos pela sociedade afortunada e preconceituosa a se tornarem exemplos de resiliência para o mundo que gritava:
"Não ao racismo"
De Cassius a Muhammad
“Eu nego a guerra”
“Coisa alguma me foi feita”
É a voz do Nego,
Filho da terra
Cassada a sua cinta
Proibido de lutar
Mas a luta pela causa
Ninguém pôde vedar
Ali fora intimado
Pela forma de pensar
E ali condenado
A se nocautear
No ringue existem regras
Na selva apenas o matar
“Ali buma iê”
Grito dos fãs da América
A volta por cima da dor
Como um Galo de Rinha
Depenava o oponente
Na tutela da cor
E subia no palanque sangrado
O seu palco sagrado
E gritava para quem pudesse ouvir
“Não aos outros e Sim para si”