Koan

Tão logo chove, logo previsto está o Sol

E nem cinzento ou vermelho o arrebol

Altera ele nada da cúpula do céu,

Mas pinta cada dia a modo de arméu

A língua da boca é a língua do coração

Aquele que mente é o mesmo credor da ilusão

Esta sinuosidade num, na verdade,

Não é nada além de sua iniquidade

Leio, então, vindo da ubiquidade de meu peito:

"Canta a toada dos anos em vida e pleito!

Quão menor é o hino da idade

Maior é a sua oculta gravidade

Mergulhada em eras de intensidade

E, ainda assim, pura vanidade

Quais de nós rios não somos?

À independência de que vivamos

Ou mesmo de que morramos,

Se tão somente rios nós somos

Leio, então, inscrito em minhas pedras:

"Quando aprenderei que portas abertas são portas fechadas?

H Reis
Enviado por H Reis em 01/06/2020
Reeditado em 08/06/2020
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