Koan
Tão logo chove, logo previsto está o Sol
E nem cinzento ou vermelho o arrebol
Altera ele nada da cúpula do céu,
Mas pinta cada dia a modo de arméu
A língua da boca é a língua do coração
Aquele que mente é o mesmo credor da ilusão
Esta sinuosidade num, na verdade,
Não é nada além de sua iniquidade
Leio, então, vindo da ubiquidade de meu peito:
"Canta a toada dos anos em vida e pleito!
Quão menor é o hino da idade
Maior é a sua oculta gravidade
Mergulhada em eras de intensidade
E, ainda assim, pura vanidade
Quais de nós rios não somos?
À independência de que vivamos
Ou mesmo de que morramos,
Se tão somente rios nós somos
Leio, então, inscrito em minhas pedras:
"Quando aprenderei que portas abertas são portas fechadas?