Milonga

Dançara-se lentamente a rodar o vestido trajado e costurado à mão. Ressoava uma uruguaia milonga, melancólica e longa, a lhe apossar a emoção. Enquanto dançava e dançava, a milonga dizia: "no hay peor dolor". E maría sentia a dor mais doída que se podia. "Que la muerte de un niño". E maría, que nem filho tinha, sentia a morte matar-lhe em dor. "Pero existe lá esperanza", dizia a canção, e maría saía, esperançosa e fria, a dançar o salão. María já não era a mesma. E a milonga também não.