Septuagésimo terceiro dia.

"A quarentena de um poeta"

Septuagésimo terceiro dia:

Uma máquina de mentira estava a ser investigada pela polícia maior desde o início da manhã nos lares dos criadores de cenas. Houvera vários juízes que foram atiçados pelos comparsas do comandante que comprara uma requesta gigante. A ira do magistrado que conduzira o inquérito era elegantemente declarada nas suas atitudes corretas de defender a casa que protege a carta magna a dizer que " a liberdade de imprensa não é construída por robôs".

Um bando composto por um conhecido condenado e o dono da fachada da casa branca era alvo de uma operação junto a outros empresários, um novo episódio que era motivo para apostas virtuais de quem seria o vencedor, pois de um lado estariam os exímios batedores de martelos conhecedores da lei e na outra banda, os audaciosos colaboradores do trono.

A liberdade estava a ser confundida. A expressão era livre até o limite do outro que não poderia ser ferido. O humor, as visões de mundo e opiniões não eram condenados, todavia, as agressões eram repudiadas e convocadas a se colocarem de joelhos diante da justiça.

O chefe do supremo mandara o recado publicamente que a instituição estivera vigilante a qualquer ameaça de agressões e defendera o veterano ministro que negara a presença de um rogado no depoimento de um delator.

O discurso de ódio dividira as pequenas sociedades como a escola, o trabalho, os amigos e a religião: os que tiveram a responsabilidade de educar, perderam a linha do princípio da moralidade; os companheiros de ofício se atracaram nas trocas de informações; os colegas de copo soltavam o verbo em prol da violência; os que louvavam publicavam baixas palavras a contradizer suas crenças.

Uma perda lamentável fora a despedida do cargo de um sanitarista que tentara caminhar no sentido da vitória contra a pandemia a ajudar a criar estratégias que avançavam com sucesso, mas que se interromperam por causa de um grande óbice, uma pedra no caminho.

Pedras

No meio do caminho há várias pedras

Há várias pedras a caminho

No caminho das pedras há várias pedras

Pedras no caminho das pedras

Haverá sempre pedras no meio do caminho do mundo feito de pedras

Pedras sobre pedras a caminho da idade da pedra sem pedras no caminho

Pedras a caminho do pó

E Drummond diria:

“No meio do caminho tinha uma pedra”

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 27/05/2020
Reeditado em 29/05/2020
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