Tecidos de sonhos
Os tecidos que são feitos de sonhos estendidos ali, no relento da vida com pregadores de varal; nada inteligente. Molhados de vontades, sem o vento da oportunidade; secando-os à própria sorte. Mas as manhãs de primavera reluz a possibilidade de tempo bom, massa de ar leve e nuvens carregadas de objetivos. Basta uma ventania de incertezas, e os pregadores serão jogados no chão. Não dá para prender os sonhos no varal do amanhã, ele pode não chegar, e o arrependimento não é um travesseiro confortável. Olhar para o céu e contar carneirinhos, é coisa de criança; adultos têm insônia; levanta do divã e anda, sonhos não são realizados na cama! Bem cedinho, que nem passarinho, sai do ninho, bem-te-vi a bocejar, canário belga, no varal, vem cantar. Lentes de aumento no olho gordo, que vive a te secar; pega teus sonhos, tira da bolha, desprende da alma o medo que atormenta, e aprende com o louvar-Deus a se curvar. Varinha curta, jogo de azar; não aposte seus sonhos, e nem confie na loteria, pois eles não estarão lá. Cuidado com os pregadores de varal que vivem à soluçar, prendem e soltam, e quebra-cabeça é cubo mágico, de um aprendiz da arte de encantar. Borda tua alma, sai do prumo, segue sem rumo, e nos trilhos da esperança costura em zigue-zague até acertar.