O ESTADO EM QUE VIVEMOS
A ansiedade, o medo, o pânico comprimiam-me o peito e as dores faziam-se sentir cada vez com mais insistência. Sinceramente eu receava um ataque cardíaco. O facto de não ter conseguido dormir, contribuia bastante para o modo como me sentia.
Contudo, eu não fazia nada, deixava-me ficar nessa modorra como que a esperar o fim de tudo.
Ganhei pavor aos hospitais. Não morrerei da Covid 19, mas acabarei por morrer da minha doença cardíaca.
Por fim reagi e levantei-me.
Coloquei a mão direita pressionando o peito e fiz respiração profunda e pausada; bebi um enorme copo de água em pequenos golos e fiz alguns alongamentos.
Eu sei que a falta de exercício físico também está a provocar esta situação. O longo confinamento, privando-me da minha corrida matinal, está a colocar em risco a minha saúde.
Quem não tem cão, caça com gato e assim vou começar a saltar á corda.
Não quero juntar-me á pilha dos mortos. Eu sei que um dia será inevitável, mas para já, há uma missão que espera por mim. Deus sabe disso e creio que ouvirá a minha prece.
Atualmente parece que apenas os mortos por Covid 19, são contabilizados e apenas os doentes por Covid 19 são tratados.
Todas as consultas nos centros de saúde foram adiadas. Então e os que sofrem de outras patologias que carecem de acompanhamento médico ? Foram relegados para segundo plano. A prioridade é salvar os que foram atacados pelo Coronavirus.
Só se deve ir ao hospital se for urgente mas ao mesmo tempo as pessoas ganharam medo por receio de contágio e o número das urgências desceu bastante. É claro que as pessoas não melhoraram por obra e graça do divino Espírito Santo.
Quando a aflição aperta, acabam por dar entrada no hospital e saiem de lá, deitados em quatro tábuas. Tinham outras doenças que por vias da pandemia, foram descuradas.
Não morreram do mal, morreram da cura! Morte é morte. Arreda coisa ruim!
©Maria Dulce Leitao Reis
03/04/2020