Misto
Moçoilas, núbeis e mancebos, balzaquianas, jovens ávidos e afoitos lotam as praças, ruas, logrando nos lugares mais públicos do país, deslumbrando-se com a perfeição do olhar imponente de superioridade, das extravagâncias vindas das ruas de New York, com seus gastos exorbitantes, que mais parecem alimentos para os famintos por notícias, com sua fala mansa e português requintado, típico da riqueza e nobreza do falar nordestino, tudo, como um espetáculo bem orquestrado, com o único intuito, os primeiros passos rumo a tão sonhada e esperada democracia. Mas tudo não passou de um sonho, a democracia viria como um pesadelo, lotado com assustadores monstros, muitos monstros, nos colocando em uma luta desigual, como um barco à deriva, um porto cada vez mais ao longe, um farol apagado, um misto de doce e amargo, até que chegamos a um lugar, a um ponto, lugar que estamos, lugar da certeza que ainda não conquistamos o tão sonhado aportar, que faz da democracia o nosso descanso. Descansem moçoilas. Descansem núbeis e mancebos. Descansem todas as balzaquianas e jovens, mas continuem ávidos e afoitos, dias melhores virão na mudança do vento, das ondas e do enredo.