Sexagésimo primeiro dia
"A quarentena de um poeta"
Sexagésimo primeiro dia:
Mais um soldado cientista oficial desertara durante a guerra. O seu posto fora relâmpago e caíra como um raio a rachar o tronco desprotegido da árvore do planalto. O motivo da fuga seria o desacordo no uso da roleta russa nos revólveres de cloroquinas, o que poderia poupar vidas ou tirá-las. O desertor negara o perigo do absurdo e se tornaria mais um membro do grupo de risco da vanguarda, caso conseguisse escapar.
Acusado por alguns membros de tentar implantar uma carnificina na terra tropical, o seu grande chefe estava a queimar a imagem do país e os generais do mundo não o via com bons olhos ao contrário dos piores cegos que não queriam ver.
O bárbaro com seus poderes invisíveis avançara suas linhas. Um plano de guerra deixado pelo ex-combatente da saúde estivera a ser deixado na mesa do interino que chegara rápido ao posto, todavia havia a dúvida: rasgá-lo ou executá-lo.
A minha cidade estava a caminhar para um caos na segurança pública e protocolos estavam a ser quebrados. Havia relatos de corpos atingidos por gotas de ligas de chumbo que foram carregados por moradores do complexo de morros.
Era doloroso perder mais um anjo que partira para o céu e ouvir a teimosia da má informação, do desconhecimento. Eu ignorava as palavras jogadas fora e lembrara os pândegos momentos de uma criatura que sorria para a vida a sempre jorrar alegria a nos contaminar. A cada colherada nos pratos dos pequeninos havia um olhar cuidadoso e no dia internacional da família, ela nos deixara a simbolizar o brilho da solidariedade.
Um anjo de Deus
Os anjos, Deus leva para si
Os chama
Nos toma
E acende a saudade
Uma sensação que não se apaga
É uma luz eterna
Que nos alumia
Como uma bela poesia
No paraíso entre as flores
O sorriso da rosa
Exala o odor que cai
Sobre o seu jardim
Sementes que brotam...