TEMPO DE MEDO
Desejei, inconscientemente, despretensiosamente, desde os tempos em que me alimentava nos seios da minha mãe , o ponto predeterminado, a hora de montar e cavalgar estradas vazias dos sonhos de valor. O tempo me ensinou as dores e amores não necessariamente nestas ordem, o senhor e o temor, tanto faz o meu senhor ou eu senhor. Menos ainda, de que amores, aqui, mencionados. Não caí em lágrimas, elas voluntariamente singracam dos meys olhos, sinceras, vindas, talvez, das entranhas do que desconheço da minha própria intimidade . Desenho o belo rosto de uma nova amante, por demais amada, desde os tempos das dores e amores que até ontem me acompanhavam, mesmas dores, amores, a mesma amante (há quem duvide). Um virulento deleite de hipócritas idéias, porque infectar é a ordem do momento. Hoje o tempo me indica a solidão, a falta do abraço, mesmo descompromissado, o tempo passou do compasso, o que era santo, hoje é veneno e morte. O tempo de hoje, se fosse tempo, seria uma louca pandemia, recheada pela vaidade dos imperadores das liberdades consentidas, déspotas, mentirosos da vida. Pouco se respira e muito se mira, mas sorte ou azar, a certeza de se partir sozinho, roxo e sem ar. E esses tantos amores, dores, temores petrificados permanecerão, como lição histórica ou praga divina? A dúvida não é o futuro após a morte, mas a vida ressentida, implorando justamente pelo fim e a morte como rica e gloriosa herança.