QUARENTENA

Mantenho uma tranquilidade meio apática. Falo na primeira pessoa, porque só posso falar por mim. E isolada do mundo, não posso observar os outros direito.

É a tranquilidade de quem quase nada, ou mesmo nada, pode fazer.

Eu olho pela janela e o mundo simplesmente está ali... O Sol, o céu, as árvores, a cidade, o dia, a noite, semanas... O mundo.

Meu mundo! O mundo ao qual eu pertenço, sem em que eu possa me misturar a ele. E acho que não estou fazendo falta. Quem está? Como unidade, acho que ninguém.

Comparado ao coletivo, o individual nunca foi tão irrelevante como agora. Me isolo a olhar o meu mundo pela janela, por mais pessoas do que por mim mesma. Estou só... Só por vocês, não porque eu queira a solidão, que ironia. Sinto falta das pessoas.

Às vezes em um desabafo destemperado, alguém grita na janela:

-Fora!

Um casal briga, cachorros latem ao longe. E por ironia, as crianças que antagônicas ao silêncio preenchiam as lacunas do dia com seus gritinhos , não se sabe se felizes ou pirracentos... Pararam de fazer barulho. O dia hoje está nublado...

Quero sol.

cinara
Enviado por cinara em 14/05/2020
Código do texto: T6947031
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