QUARENTENA
Mantenho uma tranquilidade meio apática. Falo na primeira pessoa, porque só posso falar por mim. E isolada do mundo, não posso observar os outros direito.
É a tranquilidade de quem quase nada, ou mesmo nada, pode fazer.
Eu olho pela janela e o mundo simplesmente está ali... O Sol, o céu, as árvores, a cidade, o dia, a noite, semanas... O mundo.
Meu mundo! O mundo ao qual eu pertenço, sem em que eu possa me misturar a ele. E acho que não estou fazendo falta. Quem está? Como unidade, acho que ninguém.
Comparado ao coletivo, o individual nunca foi tão irrelevante como agora. Me isolo a olhar o meu mundo pela janela, por mais pessoas do que por mim mesma. Estou só... Só por vocês, não porque eu queira a solidão, que ironia. Sinto falta das pessoas.
Às vezes em um desabafo destemperado, alguém grita na janela:
-Fora!
Um casal briga, cachorros latem ao longe. E por ironia, as crianças que antagônicas ao silêncio preenchiam as lacunas do dia com seus gritinhos , não se sabe se felizes ou pirracentos... Pararam de fazer barulho. O dia hoje está nublado...
Quero sol.