Depois da Gaiola

O mundo que costumava conhecer agora se resume em metros quadrados e confesso que desse lado as cores estão cada vez mais bufentas e em dores de tudo o que me foi tirado, não voar é a dor mais cruenta. Respirar também é desafiador, qualquer que seja a direção que eu vou ainda estou no mesmo lugar e enquanto cada coisa está em seu lugar, eu pareço estar desorbitado, um coitado refém do sono desregulado, o jet lag mais falsificado!

Dentro dessa gaiola que chamo de lar, se muito me perco ainda consigo mais me apriosionar, eu que falava com o mundo, agora só tenho a mim para conversar. A rotina viciosa me torna mais preguiçoso e vou perdendo o gosto por tudo que costumava fazer e me valho do que faço melhor e ao ouvir cantos nos ventos ao redor, também me ponho a cantar. Sons que reconheço bem em cada sol que vejo raiar.

Mas, sabe... Não vou ficar aqui para sempre, já conversei até com a Dona Vida - venha logo me acudir! Não deixo de persistir no melhor voo que ainda darei, ela tem a chave, eu sei que nunca voei tão alto antes. Apesar das pressões diárias, estou guardando minhas forças, logo mais será só lembrança desse horrendo lugar, eu quero as correntes de ar que me convidam para novas direções, novas histórias e daqui da gaiola eu sonho com o dia em que atravessarei o horizonte.

@c.vict0r

Dedico esse texto à Thiago Miranda que, após uma longa conversa na madrugada, gerou em mim esse lindo texto! Gratidão imensa pela inspiração compartilhada! Amo você, amigo!