Solidão é tumulto
E assim, feito lençóis, a madrugada estende brisas sobre as ruas e fica a acalentar redes vazias nas varandas.
O silêncio sempre pronuncia segredos ao pé do ouvido dos receios.
É que a solidão na gente, às vezes é muito tumultuada.
São gritos jogando ecos por todas as emoções.
Sempre entendi o vazio, como circunferência de mim mesmo.
Eu o crio sempre que me permito. E quando, mesmo farto de felicidade, alguém o joga em mim, é porque na verdade, eu me deixo de ser, para ser o vazio existente no outro.
Temos essa capacidade de propagar luz ou escuridão, tanto para o oco, quanto para o repleto.
Os caminhos se cruzam, parindo direções, enquanto as casas beirando calçadas distendem abrigos.
As horas passeiam nas bordas do tempo, velando sonos, testando resignações e esperanças.
Toda solidão se faz e amontoa depois que os conflitos distorcem a ordem.
A vida, às vezes propõe um movimento de alerta e de ação; Em outras, requer calmarias.
Fico aqui na madrugada, espiando-a de esguelha pela janela.
Os receios também espreitam o silêncio.