Solidão é tumulto

E assim, feito lençóis, a madrugada estende brisas sobre as ruas e fica a acalentar redes vazias nas varandas.

O silêncio sempre pronuncia segredos ao pé do ouvido dos receios.

É que a solidão na gente, às vezes é muito tumultuada.

São gritos jogando ecos por todas as emoções.

Sempre entendi o vazio, como circunferência de mim mesmo.

Eu o crio sempre que me permito. E quando, mesmo farto de felicidade, alguém o joga em mim, é porque na verdade, eu me deixo de ser, para ser o vazio existente no outro.

Temos essa capacidade de propagar luz ou escuridão, tanto para o oco, quanto para o repleto.

Os caminhos se cruzam, parindo direções, enquanto as casas beirando calçadas distendem abrigos.

As horas passeiam nas bordas do tempo, velando sonos, testando resignações e esperanças.

Toda solidão se faz e amontoa depois que os conflitos distorcem a ordem.

A vida, às vezes propõe um movimento de alerta e de ação; Em outras, requer calmarias.

Fico aqui na madrugada, espiando-a de esguelha pela janela.

Os receios também espreitam o silêncio.

Takinho
Enviado por Takinho em 05/05/2020
Reeditado em 25/08/2020
Código do texto: T6938303
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