ALMA FUGIDIA.

Aonde vais a essa hora? Pergunto eu a minha alma, que sai de fininho, para não ser notada. Em vão. Eu não me desligo mais dela. Corpo e alma aqui juntinhos. Claro que ela faz suas viagens de vez em quando. Acontece que agora a mantenho na rédea curta. Meu coração é quem paga quando ela abusa nas escapadas. Sofre o corpo todo, em algumas situações. No fim, os músculos reclamam e as lágrimas rolam pela minha face como se fosse chuva. Por isso hoje ela não sai. Fica aqui junto de mim, pois alma deve andar colada ao corpo.

Nesses dias eu descuidei e ela saiu por caminhos orlados de flores, atraída pelos sentidos. Esbaldou-se em sonhos doces. O mel escorria pela boca. Os olhos brilhavam (os do meu corpo, claro). A promessa era farta e ela queria mais. Não teve aviso do corpo que a parasse, até que chegou a hora da verdade e ela voltou. Tive que juntar os caquinhos de alma, lavá-la com lágrimas cristalinas e sofridas, cuidar do coração e refazer os planos. Estamos bem. Podemos esperar dias melhores. A primavera começou e mesmo que aqui a gente não perceba muito, dá uma sensação de renovação. Estamos bem. Repito. Mas minha alma não sai mais sem minha autorização. Nada de sonhar antecipadamente. Os sonhos estão sendo preparados. Na hora certa iremos juntas desfrutá-los. Por enquanto, não me faça mais chorar. Acalme-se aqui pertinho de mim. Cuidarei de você e do meu corpo para quando os sonhos estiverem prontinhos, a gente poder degusta-los.

Evelyne Furtado.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 14/10/2007
Reeditado em 14/10/2007
Código do texto: T693326
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